A situação da obesidade no Brasil é preocupante. Junto ao aumento da obesidade no país, cresce também a procura por tratamentos que auxiliem o seu combate, como caso da cirurgia bariátrica.
Em 10 anos houve um aumento de 60% nos casos de obesidade na população brasileira. Isso quer dizer que os dados obtidos na Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada pelo Ministério da Saúde em 2018, apontaram que 18,9% dos brasileiros estão obesos. Além disso, a obesidade colabora para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão. Essas doenças pioram a condição de vida e podem até matar. Outros distúrbios como: alterações de colesterol e triglicérides, apneia do sono, complicações cardiovasculares, doenças pneumológicas, refluxo, incontinência urinária, impotência sexual e outros também podem aparecer com o excesso de peso.
A cirurgia bariátrica tem sido cada vez mais indicada como forma de combater à obesidade e até mesmo causar a remissão de algumas dessas doenças. Nosso país é o segundo colocado no ranking de países que mais realizam o procedimento, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. De acordo com a mais recente pesquisa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) foram realizados 105.642 mil cirurgias no ano de 2017 no país. Ainda segundo a SBCB, a cirurgia bariátrica é considerada um tratamento eficaz contra a obesidade grave. Em relação à remissão de doenças, mais de 90% dos casos são de sucesso.
Porém, mesmo que seja um procedimento eficaz, é um procedimento cirúrgico altamente invasivo, que pode trazer riscos de complicações. Como dissemos aqui, os riscos dependem de alguns fatores como a experiência da equipe cirúrgica, gravidade das doenças associadas à obesidade, histórico clínico do paciente e o seu comprometimento em seguir à risca as orientações da equipe médica. Caso contrário, o paciente pode ter algumas complicações.
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A síndrome de dumping
A síndrome de dumping é um dos sintomas que pode acontecer em pacientes que se submetem à cirurgia bariátrica. É um sintoma característico no processo pós-cirúrgico e que causa bastante desconforto. Em outras palavras, esse sintoma é um mal estar ocasionado pela ingestão de carboidratos refinados, doces ou gorduras em excesso.
Normalmente, a síndrome de dumping ocorre em razão da rápida passagem de alimentos do estômago para o intestino. O mal estar geralmente ocorre após a ingestão de alimentos com grandes concentrações de gordura ou açúcares. Os principais são: doces, leite condensado, mel, chocolates, geléias e refrigerantes, óleos vegetais, carnes gordurosas o alimentos ricos em farinha branca. Em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica e metabólica, esse tipo de alimentação acarreta em uma série de sintomas indesejados.
Os principais sintomas são:
- Desconforto abdominal fraco a moderado
- Cefaléia
- Fraqueza
- Tremores
- Sudorese
- Palidez
- Vertigem
- Taquicardia
- Diarréia
- Náuseas
Os sintomas de dumping após a cirurgia bariátrica podem aparecer de forma precoce, de 30 a 60 minutos após a refeição ou de maneira tardia, de 1 a 3 horas após a refeição.
Vale ressaltar que o aparecimento de dumping após a bariátrica não é uma regra! Nem todos os pacientes submetidos ao procedimento apresentam a síndrome. Outra coisa importante é que determinadas técnicas cirúrgicas reduzem a incidência de aparecer dumping após a cirurgia bariátrica. Não há um tratamento específico que seja preventivo. Infelizmente, somente após realizar a cirurgia bariátrica é que o paciente saberá se tem sensibilidade ou não para o aparecimento dos sintomas. Além disso, quando há surgimento de sintomas de dumping em pacientes operados não há cura. Desse modo, o indivíduo aprende a conviver com o dumping, evitando os alimentos que podem causar desconfortos.
Os pacientes que tiverem sinais de dumping após a cirurgia bariátrica devem ser tratados com acompanhamento nutricional para mudança de hábitos alimentares:
- Evitar o consumo de açúcar, doces e alimentos gordurosos;
- Fracionar a alimentação em refeições menores ao longo do dia;
- Não ingerir líquidos durante as refeições;
- Aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras;
- Exercer a mastigação de forma correta.
Tudo isso fará com que o paciente que passou pela cirurgia bariátrica e desenvolveu síndrome de dumping possa viver melhor. Caso apresente os sintomas de dumping descritos acima, a orientação é permanecer sentado ou deitado até que passem.
No entanto, em alguns casos, também pode ser necessário o uso de remédios prescritos pelo médico. Esses medicamentos atrasam a passagem dos alimentos do estômago para o intestino e reduzem os picos de glicose e insulina após as refeições. Assim, os sinais e sintomas de dumping são reduzidos. Se o caso se agravar e os sintomas não forem controlados com adequação de dieta e prescrição de medicamentos, pode ser necessário cirurgia no esôfago. O procedimento é realizado para fortalecer a cárdia (região de transição entre o esôfago inferior e o estômago). Em alguns casos, o paciente pode necessitar alimentação por sonda inserida no abdômen até o intestino. Essa técnica é denominada jejunostomia.
O paciente deve informar ao médico sobre o surgimento de sinais de dumping após a cirurgia bariátrica. Se mesmo com as orientações repassadas pela equipe médica não houver melhora, é importante voltar ao médico para ajustar o tratamento. As complicações do dumping pós-bariátrica podem ocasionar anemia, desnutrição e desidratação. Alguns pacientes sofrem tanto com os sintomas que não conseguem realizar as atividades normais do dia a dia, devido ao mal estar causado pela síndrome de dumping.
Apesar de ser muito desconfortável, os especialistas ainda conseguem ver o lado “positivo” da síndrome de dumping. Isso porque, segundo alguns pesquisadores, a síndrome de dumping pode ser um aliado para proporcionar a perda de peso em pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica. Não por conta dos sintomas em si, mas por haver inevitavelmente uma reeducação alimentar que não inclui os principais sabotadores de dietas. Alimentos doces e gordurosos como refrigerantes, açúcar, bolo doce, frituras, sorvetes e bolachas recheadas acentuam os sintomas do dumping. Por essa razão, o próprio paciente passa a ingerir menos alimentos desse tipo. Em contrapartida, pacientes que não apresentam síndrome de dumping pós-bariátrica possuem maiores chances em ganhar o peso perdido, por ingerirem alimentos mais calóricos e gordurosos.
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